Reduza custos da sua empresa com adoção de TI verde

As preocupações com o impacto ambiental trouxe uma nova palavra para o vocabulário dos CIOs: TI verde. Trata-se de um conceito que prega o uso de tecnologias “politicamente corretas”, que sejam ecológicas e consumam menos energia para diminuir a quantidade de CO2 (dióxido de carbono) que elas jogam no ar. A prática também incentiva a reciclagem e reutilização dos equipamentos de informática.

São iniciativas que ajudam manter o planeta Terra mais limpo e também trazem benefícios para as empresas. Segundo os especialistas, o maior ganho pode ser percebido no final do mês na hora de pagar a conta de luz. Entretanto, eles recomendam que os projetos sejam bem orientados.

Não são apenas as grandes empresas que estão adotando a TI verde. As PMEs (pequenas e médias empresas) também querem entrar na onda da sustentabilidade, outra palavra da moda, que quer dizer harmonia entre o homem e a natureza.

O principal fator das PMEs para aderirem à TI verde para se tornarem amigas do meio ambiente e economizar gastos com energia, conforme mostra estudo global da IBM com 1,4 mil companhias desse segmento, sendo que 130 delas operam no Brasil.

O levantamento Big Blue aponta que 75% das PMEs brasileiras ouvidas demonstram preocupação com o meio ambiente. Entre estas, 58% já implantaram uma política ambiental.

Um dos dados mais significativos da pesquisa aponta que 89% das entrevistadas no Brasil afirmam que a preocupação com a preservação do meio ambiente influencia fortemente nas ações para reduzir o uso de energia. Nas empresas dos Estados Unidos, esses números chegam apenas a 38%.

Como se tornar verde

Alexandre Lacerda, gerente de marketing da HP, observa uma escalada do uso do computador dentro das empresas que estão cada vez mais automatizado processos. Ele destaca a febre dos ERPs (pacotes de gestão empresarial) e dos sistemas de CRM (Customer Relationship Management) para melhorar o relacionamento com os clientes.

“Hoje até uma pizzaria precisa ter um banco de dados para tocar seu negócio. São informações que ficam armazenadas em algum lugar”, afirma Lacerda. O uso da nota fiscal eletrônica vai aumentar mais ainda o processamento dentro das empresas. Outras aplicações vão surgir, exigindo mais do parque de TI. À medida que esses ambientes se expandem, eles pedem mais refrigeração e gastam mais energia.

Com a TI puxando tanta energia, o Brasil corre o risco de esgotar sua capacidade de fornecimento ou ter de construir novas usinas hidrelétricas, trazendo impactos ao meio ambiente.

Para evitar que isso aconteça algumas mudanças podem ser feitas dentro das empresas como a adoção de sistemas de iluminação mais econômicos e desligamento automático para as máquinas quando elas não estiverem em funcionamento.

Hoje boa parte dos fabricantes de TI está numa corrida para entregar ao mercado produtos com selo verde. Um exemplo disso são a Intel e a AMD que vêm investindo pesado na construção de chips que consumam menos energia.

Marcel Saraiva, gerente de produtos da Intel, dá o exemplo do processador quad core que hoje consome 50 watts quase três vezes menos que os modelos que eram comercializados há dois anos. Em 2006, um chip de um núcleo consumia 130 watts.

Além de aumentar a quantidade de núcleos, as fabricantes estão reduzindo o tamanho do chips. Segundo Saraiva, a nova geração de 45 nanômetros lançada em novembro do ano passado é bem mais econômica que a família anterior de 65 nanômetros. Para 2009, a fabricante entregará a plataforma de 32 nm que promete menos gasto de energia com melhor performance.

Outra tecnologia que promete corte nos gastos da conta de luz são os servidores blades, que são bem mais finos e ocupam menos espaços nos centros de processamento de dados das empresas. Segundo Lacerda, da HP, essa tecnologia pode reduzir em até 40% o consumo de energia. Como o preço dessas máquinas está caindo, o executivo afirma que o investimento se paga rapidamente.

Consolidação e virtualização

A consolidação do parque de TI também contribui para preservação do meio ambiente. Pesquisas da IDC revelam que apenas 15% da capacidade dos servidores é usada dentro das empresas. Os 85% restantes estão ociosos.

Isso ocorre porque muitos departamentos foram investindo em hardware que muitas vezes são usados apenas em determinadas datas do mês. Porém, eles ficam ligados o tempo todo, consumindo energia mesmo quando não estão processando dados. Uma das soluções apontadas pelos especialistas é colocar várias aplicações numa mesma máquina.

Outro caminho é o da virtualização, que cria máquinas virtuais num mesmo equipamento para rodar sistemas operacionais diferentes. Um mesmo servidor poderia rodar a folha de pagamento em Windows NT e o ERP em Windows Server.

Essas iniciativas reduzem o número de máquinas do parque de TI e, segundo Lacerda da HP, os benefícios são vistos não apenas na diminuição do consumo de energia. Ainda de acordo com o ele, caem também os gastos com manutenção, que hoje respondem por cerca de 65% do orçamento dos CIOs. Assim sobraria mais dinheiro para aplicar em novas tecnologias, que hoje leva em média 25% dos recursos destinados ao departamento e para investimentos em inovação, que atualmente leva apenas 10% do bolo total.

Reciclagem e reutilização

Além de um parque de TI enxuto, o conceito de TI verde incentiva as empresas a reciclar e reaproveitar equipamentos velhos.

Alguns países já contam leis que exigem que as empresas de TI adotem programas para destino correto do lixo eletrônico. No Brasil essas questões ainda estão em fase inicial. Multinacionais que adotam essa iniciativa lá fora estão trazendo a idéia para o mercado brasileiro.

A Dell, por exemplo, já conta no Brasil com um programa que recolhe sem custo computadores velhos de sua marca de pessoas física para descarte. Até o meio do ano, o projeto ganhará uma versão para empresas, anuncia Cíntia Kahler, responsável por programas ambientais da fabricante para América Latina.

Cíntia explica que a fabricante está no momento credenciando parceiros de acordo com as exigências ambientais que vão recolher as máquinas obsoletas de clientes corporativos. Essas empresas vão apagar os dados de forma segura dar destino aos equipamentos. Alguns serão reaproveitados e doados para instituições usarem em programas de inclusão digital.

Já os que estivem sem condições de uso terão suas partes e peças recicladas. Isto é, se transformam em matéria-prima para manufatura de novos produtos e podem até voltar para a indústria de computadores. Um exemplo é o plástico usado para os teclados que não é produzido pelas empresas do setor.

A executiva da Dell conta que a reciclagem de computadores já vem sendo realizada em mercados como os Estados Unidos com sucesso. Lá a empresa tem parceria com outras indústrias que reutilizam partes de parte de micros velhos para fabricação de novos produtos. Ela dá o exemplo de chuveiros e plásticos.

Publicado em fevereiro 20, 2008, em Sustentabilidade e marcado como . Adicione o link aos favoritos. Deixe um comentário.

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